terça-feira, 22 de abril de 2008

Entrada no céu

Joana e Mónica tinham partido já tarde, por volta das dezoito horas, mas como era Inverno a noite caiu muito rapidamente. Mesmo assim elas nem notaram, estavam tão entusiasmadas com as suas férias que tudo parecia perfeito, as duas num apartamento em plena Lisboa, isso sim.
De repente começou a chover, a chover intensamente, e pouco ou nada se via da estrada.
Mónica, que ia a conduzir, sentiu-se atrapalhada e decidiu parar um pouco, mas Joana insistiu muito para que não parassem pois queria chegar depressa, e com tanta insistência acabaram por continuar.
Viram umas luzes, um pouco desfocadas devido à chuva, que se aproximavam cada vez mais.
No meio de gritos e pancadas por fim veio o silêncio. Da cara ensanguentada de Mónica caíram duas lágrimas e os seus olhos fecharam-se. Olharam para uma luz linda e brilhante, muito diferente das outras, e que transmitia muita paz.
Mónica lembrou-se da sua mãe e chorou de saudades, e disse:
_ Anda Joana, é a entrada do céu.
Mas Joana, com tanto sentimento de culpa por não ter deixado parar o carro, não conseguiu entrar e viu a amiga partir, para um sítio melhor. Poucas horas depois acordou no hospital, mas nunca mais foi a mesma.
Em homenagem à sua amiga, Joana escreveu um livro com o título "Entrada no Céu".

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Na Tal Noite

Ela estava na varanda a olhar para o céu estrelado. Desde a morte da sua mãe, havia dois anos, que ia para lá todas as noites, pois as estrelas traziam-lhe recordações dela. De repente, uma das estrelas começou a brilhar mais intensamente e à sua frente apareceram pontinhos brilhantes, que logo começaram a formar uma imagem, a imagem da sua mãe. Não... não era uma imagem ...era o fantasma da sua mãe...
- Minha querida, eu estarei sempre contigo a partir de agora e só tu me poderás ver. - Disse-lhe o fantasma da mãe.
- O quê?! Eu devo estar a sonhar! Isto não pode ser real...
-Não te assustes! Esta é a única maneira de comunicarmos, através dos teus sonhos.
- Mas se são sonhos então não é real, certo?
- Não. Eu estou mesmo a falar contigo, mas através de um sonho.
- Uau! Eu nem sabia que isso era possível!
- É possível, mas também é raro. A partir de hoje falarei contigo todas as noites. Agora tenho de ir, mas volto amanhã.
- Adeus!
Da mesma forma que aparecera, o fantasma da sua mãe voltou a desaparecer.
Quando acordou, pensou que tudo aquilo era um simples sonho, mas na noite seguinte a mãe voltou a parecer, e nas que se lhe seguiram também. Então, ela percebeu que não era um simples sonho - tal como a mãe lhe havia dito, era uma forma de comunicarem.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Na tal noite

Já tinham caminhado por léguas e léguas. O acampamento não se avistava. A lua banhava as areias do deserto como a um mar de prata. Samir, o xeque que estava disfarçado de camponês para sua segurança, guiava a pequena caravana junto com Malik, seu eterno companheiro. Ao longo da sua caminhada já tinham perdido vidas e os camelos já haviam perdido quase todas as suas forças. Até que, finalmente, avistaram o Oásis de Prata. Já faltava pouco até ao acampamento desconhecido do xeque, usado aquando do perigo de conspirações contra os governantes. Não aguentavam enfrentar mais uma noite do deserto sem descanso. Decidiram ficar ali, até que todos se sentissem melhor e os camelos recuperassem as suas forças. Samir era até ao momento o xeque mais honesto e humano de todos, mas nada impedia os conflitos antigos. Nessa noite preferiu montar a sua tenda afastada das restantes; precisava de paz, de se isolar e esquecer tudo o que se passava à sua volta. Mas nessa noite, algo estava diferente; algo, não, alguém. Radija, secreta paixão do xeque, sentia que apenas ela podia apaziguar Samir, e embora sua paixão fosse apenas um sussurro entre os loucos, não podia vê-lo assim. Quando a lua ia alta, saiu de sua tenda e foi ter com ele. Samir estava pensativo no canto da sua tenda, ao ver Radija, esta com o medo de ser vista espelhado nos seus olhos, algo no seu corpo estremeceu. Vê-la assim fê-lo perceber que o que a sua alma lhe pedia não era isolamento, fuga da realidade. Era Radija. Nessa noite Samir esqueceu-se de todos os conflitos. Apenas queria agarrar um pouco de paz e felicidade. Sob a lua cheia, nessa noite de prata, barreiras foram quebradas. Não iriam mais esconder o que lhes dava vida. Embora ainda não o soubessem, nessa noite o destino de um reino foi traçado.

domingo, 13 de abril de 2008

Mana Celulina, a esferográvida

Numa pequena aldeia, mesmo no meio do baixo estava uma jovem sozinha sentada no passeio. Todos os dias era o mesmo, estava sempre sozinha; seu nome era Célia, mas todos lhe chamavam "Mana Celulina, a esfera", pois ela era um pouco gordinha e todos de afastavam.
Certo dia, lá estava ela sozinha, como todos os outros dias, quando um carro se aproxima e um senhor muito simpático a convida para um passeio. Ela lá entrou, e no carro foi tratada como uma princesa.
Quando chegou a um sítio muito bonito e simpático, o homem saiu do carro e começou a tornar-se violento, e a pobre rapariga foi violada. Aterrorizada gritou mas ninguém a ouviu.
Pouco tempo depois Célia desmaiou, e ao acordar estava de volta à mesma rua, ao mesmo passeio de sempre, mas ainda sentia o cheiro daquele homem horrível.
Um mês depois descobriu que estava grávida. A sua vida desmoronou-se, tudo ficou pior do que já era; estar grávida aos 15 anos era a pior coisa que lhe podia acontecer.
Quando todos os seus colegas descobriram, em vez de a tentar ajudar, ainda gozaram mais com ela, o seu nome passou a ser “Mana Celulina, a esferográvida”. A sua vida não voltou a ser a mesma, todos a desprezavam ainda mais do que antes.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Meia culpa, meia própria culpa

Num instante feliz, a minha felicidade é feita por instantes e tu és o culpado disso.
As nossas conversas prolongadas por mensagens acabam sempre bem, trazem recordações maravilhosas, trazem-me um sorriso de orelha a orelha, uma felicidade jamais sentida; são momentos únicos, especiais, doces, bonitos e meigos, que tornam perfeito tudo o que está à minha volta, o que faz o meu coração palpitar de alegria, e me deixa perdida nas nossas recordações.
Após uma noite passada em pulgas, tudo acaba num simples olhar e num abraço, ambos frios. No outro dia tudo é diferente - é como se nada tivesse acontecido, tu és mais frio que o Polo Norte no Inverno, e mais uma vez acaba-se o meu único instante de felicidade. Depois de esperar ansiosamente por te ter nos meus braços vejo que mais uma vez não é isso que acontece.
A culpa também é minha...minha culpa de te amar, culpa de fazer tudo por ti, culpa de não resistir ao teu sorriso, culpa de estar presente sempre que precisas, culpa de fazer tudo o que tu queres. Mas afinal é isso o Amor? entregar-se de corpo e alma a uma pessoa e sofrer por essa pessoa fazer pouco desse sentimento? Meia culpa tenho eu de te amar...e sei que hoje ao deitar-me, antes de me deixar adormecer, tu mandarás mais uma mensagem e eu ansiosamente esperarei por ela, porque o amor é assim, feito de ilusões e desilusões, e mais uma vez teremos uma conversa agradável, mas desta vez não dormirei em paz, porque a minha meia culpa, minha meia própria culpa me fará sofrer no amanhecer.


Ana Carolina Paz Amorim

domingo, 6 de abril de 2008

OVNIs Turistas

A Rtp 2 apresentou um documentário sobre as visitas de OVNIs ao nosso país. Parece que em 1995, Alfende foi "visitada" por algo. Várias testemunhas fizeram o perfil do dito objecto voador, algo esférico com quatro apêndices. O fotógrafo profissional lá do sítio tirou quatro fotos ao objecto em movimento. Como se encontrava perto, as imagens são bastante nítidas. Investigadores portugueses fizeram experiências com balões metereológicos para compararem com o objecto voador. Como este não se assemelhava em nada aos balões, contactaram a NASA e enviaram as fotos.
Lá, o caso foi investigado por especialistas, e dada a qualidade das imagens, comprovou-se que não eram falsas e que tinham sido tiradas por um profissional. O objecto visível nas fotografias foi comparado com outros objectos voadores usados na area de investigação, e não existiam quaisquer semelhanças com o dito OVNI. Até hoje ainda não se conhece nenhum objecto que se indentifique com o "visitante".
Alguns anos depois, pensa-se que o mesmo OVNI tenha sido fotografado numa cidade do Texas, mas quem tirou a foto estava muito distante, não sendo possível ter a certeza de que era o mesmo que visitou Portugal.
Mas de certeza que este OVNI nunca mais voltará a Portugal, ou pelo menos a Alfende, pois pelos vistos foi "apedrejado" por dois jovens, tendo sido esta a causa da sua fuga.
Verdade ou ficção, não se sabe. Mas uma coisa vos digo, o Universo é grande demais para estarmos sozinhos nele!

sábado, 5 de abril de 2008

Fehér

O momento que mais me emocionou desde que nasci foi a morte do jogador húngaro do Benfica, Mikos Fehér.
O Benfica, meu clube do coração, jogava frente ao Vitória de Guimarães, no estádio D. Afonso Henriques, a 25 de Janeiro. O dia ficou marcado para sempre pois o Benfica queria vencer, mas o jogo estava empatado quando, aos 60 minutos, Camacho decide lançar mais um avançado em campo.
Fehér, que se tinha esquecido das suas caneleiras, pediu a Nuno Gomes para lhe emprestar as suas, pois Nuno estava castigado.
O avançado húngaro fez a assistência para o único golo do jogo mas nas compensações, depois de travar um contra-ataque, vê um cartão amarelo, sorri pela última vez e cai inanimado no relvado. Acabou por morrer às 23:15 minutos, já no hospital.